terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Maldito Pianista vinha de Marte

Ninguém sabia seu nome, ninguém sequer falava muito com aquele desgraçado metido a trouxa. Eu sabia seu segredo, eu sabia que aquele demônio bem vestido e bem penteado vinha de outro planeta, ansioso por conhecer novas formas de arte e curiosas formas de vida alienígena. Mas quem diabos acreditaria em um vagabundo como eu? Na certa me jogariam na mais profunda cela de Arkham e sumiriam para sempre. ELE não teria esse gostinho. Apenas continuaria tocando aquele piano sem saber que alguém, vindo do mesmo sistema solar, conhecia seu segredinho. Enquanto não achava uma maneira de desmascará-lo, continuava com meu próprio disfarce, pedindo esmolas de dia, retalhando inocentes de madrugada, indiferente àquilo que os humanos chamavam de “justiça”. De certo modo, eu não saía perdendo. Apenas prolongava minha estadia no planeta azul e contribuía, indiretamente, com seu balanço populacional, sem me importar com devaneios filosóficos ou lições de moral vindas das bocas de formas de vida que, sabia eu, podiam ser aniquiladas em questão de horas. Um simples raio Ômega e pronto: adeus humanos, adeus hóspedes ingratos, adeus piano. Era mais fácil gastar alguma energia bélica extraterrestre do que ter de conviver com pessoas e animais que viviam falando em evolução, religião e demais assuntos sem nexo algum.
De fato, eu estava mesmo pensando em construir minha própria nave espacial a partir de ferro velho e dar o fora daquele lugar infecto...

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