quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Ases vermelhos em um baralho esverdeado

Um jogo de vida e de morte por exelência. Sete almas condenadas de antemão, sentadas à mesa da taverna Monokono, localizada no coração do Gabão. Um jogo de cartas infectas, regado a aguardente, amendoim, mulheres e ódio. Um jogo de cartas silencioso, durante o qual até mesmo a respiração pesada dos jogadores era abafada propositalmente e subjugada pelo som estridente de pássaros, macacos, anfíbios e répteis. Sete jogadores, sete destinos imolados aos deuses. Os desalmados jogadores eram ícones de uma selvageria ímpar; homens e mulheres que colocavam a vida em sociedade em último plano; que viviam à medida que passavam as horas; que apenas reconheciam o Humano no que este tinha de mais instintivo e cruel, tal qual Homo Faber alienado e sorridente.
Em sentido anti-horário, como de praxe em círculos condizentes com o código de cramulhões e demais esbirros satânicos, os jogadores eram: Flavius Dubois, contrabandista de armas senegalês e fino apreciador da culinária canibal; Helmut Heinz, bioquímico alemão e junkie pagodeiro; Natasha Ivanova, chefe do famigerado Cartel de Odessa e ex-campeã mundial de lançamento de peso; Estebán Calypso, ator pornô de Barcelona e instrutor de mergulho para milionários; Tanisha Collins, assassina autodidata do Bronx e responsável pelo Departamento de Frituras do McDonald’s nas horas vagas; Coronel Mohamad N’Benguelê, do exército nigeriano e de quem mais pudesse pagar o preço de uma pequena guerra; e Lex Motumbo, mestre na arte do vodu, jornalista maldito e dono de uma “sucuri” de uns 40 centímetros.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom "my sweet prince" muito, muito bom !